Na zona das caixas, apenas uma meia dúzia delas abertas, o caos total e um barulho infernal. Fico na fila da ponta, apenas duas pessoas e quatro carrinhos cheios de compras para serem atendidas antes de mim, óptimo!
Um carrinho vem contra mim… Lá na frente, o casal de idade e a menina da caixa gesticulam enquanto os quatro carrinhos fazem marcha a trás sem qualquer pré-aviso. Não consigo perceber o que se passa e olho para a senhora na minha frente que continua a empurrar os carrinhos para trás e a olhar para as compras, num mundo totalmente seu.
“Desculpe… Sabe-me dizer se há algum problema nesta caixa?” A senhora olha-me sem expressão ou resposta. Estará a ver-me?
“Há…?”, insisto.
Desta vez, a senhora endireita-se como que a olhar bem de cima e bufa “Pfff… Francamente!”
Cada vez percebo menos mas não tenho grande vontade de mudar de fila, as restantes têm pelo menos dez pessoas em cada uma, a maioria com carrinhos atestados.
“Sim, mas… passa-se algo na caixa? Não tem MB ou…?”
É aqui que percebo que aquela senhora bem apresentada, com ar de tiazorra de Cascais, está apenas centrada nela e nos inconvenientes que lhe estão a ser causados. Incluindo a minha abordagem.
O casal entretanto já se retirou da fila e a menina da caixa começa a passar as compras da tiazorra na máquina. A senhora vai lá para a frente arrumar os produtos nos sacos, aproveitando para roubar uns saquitos extra. Aparece uma jovem que começa a retirar o resto das compras de um carrinho e a meter no tapete rolante. Deduzo que seja a filha.
“Quem te manda não teres ar bemzoca?” diz-me o M. ao ouvido. Eu devo estar ainda com ar aparvalhado.
Nisto, mais uma confusão na caixa ao lado. A jovem na minha frente observa a situação, olha para mim e comenta com um sorriso “As pessoas de hoje, realmente… não têm respeito nem educação”
Volto a olhar para a tiazorra e para a jovem. Deve sair ao pai...
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