segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Fechar Portas


Durante muito tempo acreditei que não tinha arrependimentos na minha vida. Pura ingenuidade já que bastou um pequeno acontecimento, um clique, para ser literalmente abalroada por um comboio de dor emocional. E foi então que percebi que apenas gostava da ideia de não ter arrependimentos.


Mas, o que é o arrependimento? A emoção em si é um misto de remorso que sentimos em relação a algo que aconteceu no passado e que, por algum motivo, não aceitámos completamente. As causas? Falsas expectativas. Desilusão. Mágoa. Ressentimento. Sentimento de culpa. Sei lá que mais.

Os meus arrependimentos podiam ser daqueles que se desvanecem com o tempo e nunca chegaria a ter noção da sua existência. Mas os que tenho estado a encontrar são dos outros, aqueles que permanecem escondidos lá no fundo da alma e, mais cedo ou mais tarde, voltam para nos assombrar.

Lidar com esta emoção não é tarefa fácil  mas também não é nada que esteja fora de alcance. Nos últimos meses, tenho vindo a descobrir que uma boa parte do "segredo" está em aceitar e perdoar o passado tal como aconteceu, sem julgamentos ou recriminações.

O que passou, passou. Já não pode ser alterado e portanto, não faz sentido procurar causas ou culpados numa atitude de vitimização. Não é importante perceber porque aconteceu mas sim reconhecer que fui magoada, sentir a dor de forma consciente sem qualquer tipo de julgamento ou recriminação, chorar o que houver a chorar... e seguir em frente.

Perdoar alguém não significa aceitar e compactuar com as suas acções mas sim criar espaço para nos distanciarmos do sucedido. E, com isso, torna-se possível olhar de forma mais objectiva para o que somos neste momento, para onde estamos agora. Podemos concentrar a atenção nas coisas boas que nos rodeiam e sentir gratidão pelo caminho percorrido.

Se mantivermos a calma e conseguirmos olhar o passado numa atitude de desapego emocional, então estaremos em condições de, finalmente, fechar as portas ao arrependimento.

Eu estou a fechá-las. Uma a uma.


Adrian van Leen for openphoto.net

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